Constituição do Acervo Artístico

Fundação Artística e Cultural

Agregando Parte da Produção Através do Tempo

Não foram necessários muitos anos de atuação no cenário artístico profissional, para que pudesse ser facilmente notado com clareza, certo funcionamento “cruel” em relação com a realidade imediata de sobrevivência prática na vida de um artista, e este, certamente é um tema que permeou as anotações pessoais de E. Cardoso desde sempre, entretanto, não cabe entrar aqui em maiores detalhes sobre esta questão, para além de ressaltar algumas observações muito pontuais que iluminam talvez, uma prática que deveria ser adotada por todos os aspirantes a serem artistas por profissão.

Se por um lado estas observações na sequencia se mostrarão óbvias, por outro, descortina uma realidade pouco vista e para a qual se destina uma incrível e inaceitável pouca importância, por parte principalmente daqueles que constituem e formam aquilo que é nomeado como “mercado de arte”, seja em qual parte do mundo for.

Absorver Custos Inevitáveis com Objetivos Específicos

Constituir um acervo visando sobre tudo à construção sólida de uma carreira artística, aparentemente é o mínimo que é esperado da parte do artista, ao menos para quem acompanha de certa distancia, mas a realidade de “sobreviver” de arte, é bem mais complexa do que aparenta e isso com o passar do tempo, se transforma em algo que certamente beira o improvável, isso para não dizer impossível. A pergunta é por quê?

Primeiro não perfaz uma tarefa simples e irrelevante para um artista “preservar” bons trabalhos que constituem a trajetória de sua obra; Segundo, armazenar, cuidar e manter intactos seus estudos preliminares, desenhos, anotações, registros fotográficos e documentais de cada trabalho, com o passar dos anos, demanda não somente muito tempo para que isso seja feito, mas sobre tudo, uma estrutura financeira sólida, que vias de regra, sua receita estrutural de arrecadação não permite com que seja alcançado tal objetivo, mas este é o grande desafio a ser enfrentado e sobre tudo, vencido.

Construir as Peças Fundamentais da Engrenagem Necessária

Aquilo que no princípio eram alguns poucos cadernos de rascunhos e esboços, transforma-se em centenas, não só de cadernos, mas milhares de folhas de papel, centenas de telas e documentos que devem ser mantidos com mínima organização por meio de um custo “invisível” aos olhos do público e do “mercado de arte” e que foi absorvido através dos dias de trabalho árduo e que no futuro, irão compor aquilo que formará a trajetória de uma carreira artística compromissada com sua obra.

Esta é justamente a premissa primeira que norteia o nosso compromisso de constituir esta que será a Fundação Evandro Cardoso, tendo um claro objetivo prático não só de realizar estas tarefas, mas sobre tudo, gerar condições que contribuam para a circulação e difusão da obra deste artista, e ser uma instituição sem fins lucrativos, não significa, não poder e não ter o dever de gerar receita para esta almejada manutenção.